Diz a lenda que uma serpente adormecida cresce pouco a pouco ao redor da ilha de São Luís, e no dia em que sua cauda encontrar a cabeça, o monstro destruirá a cidade, fazendo com que ela seja tragada para sempre pelo oceano. Afirma-se, também, que um dos locais em que é possível confirmar tal história é a Fonte do Ribeirão, onde está a cabeça do animal, e quem olhar através das grades da entrada, poderá reparar nos medonhos olhos da cobra luzindo na escuridão. Segundo a crença, a gigantesca serpente encantada habitaria as galerias subterrâneas que percorrem o Centro Histórico de São Luis, e do seu corpo descomunal a barriga encontra-se à altura da igreja do Carmo, e a cauda à da igreja de São Pantaleão.
A imaginação popular criou explicações diferentes para essas construções subterrâneas na capital maranhense. Uma garante que elas teriam funções estratégicas, pois serviriam para permitir a fuga em caso de ataques de invasores estrangeiros ou revoltas populares, já que muitas têm saída para o mar; outra afirma que elas eram usadas pelos padres para se locomoverem em segredo de uma igreja para outra, e de também promoverem por ali um rendoso contrabando de mercadorias e escravos. Na verdade, as bicas da Fonte do Ribeirão são alimentadas através dessas galerias: a principal possui dois metros de largura e suas paredes são guarnecidas dos dois lados por bacias incrustadas nos nichos de onde brota a água, que depois escorre por condutos laterais até sair pelas bocas das carrancas, situadas mais abaixo.
Construída em 1796 a mando do governador D. Fernando Antonio de Noronha, (1792-1798) considerado o mais ineficiente de quantos estiveram à frente da administração maranhense durante o período colonial, a Fonte do Ribeirão, situada entre as ruas do Ribeirão, das Barrocas e dos Afogados, tinha como objetivo principal melhorar o saneamento da cidade através do fornecimento de água potável à sua população, mas o passar do tempo acabou por envolver essa obra em um manto de lendas e mistérios criados pela imaginação popular. No entanto, o mais conhecido deles - justamente o da serpente encantada - já existia bem antes dessa data.
Na verdade, segundo o escritor e pesquisador Jomar Moraes, são duas lendas diferentes. Uma que fala de uma serpente que rodeia mesmo a Ilha, outra menor que viveria nos subterrâneos do centro histórico. Com o passar do tempo, as lendas mesclaram-se e ficou apenas uma.
ResponderExcluirWilliam Moraes Corrêa